Esta proposta é norteada pela Análise do Discurso, de perspectiva materialista da vertente francesa, a partir de Michel Pêcheux, que surgiu no final da década de 1960 e encontrou no Brasil um terreno propício para seu crescimento, empreendida por Eni Orlandi. Este estudo visa portanto compreender a posição-sujeito da mulher assumida no discurso pelo cordelista. Desse modo, surge a motivação para pesquisa: por que a arte e o fazer artístico (re)produzem estereótipos sociais? Com base nesses argumentos, partimos da compreensão de que a Literatura Cordelista, enquanto objeto artístico e um lugar em que se constitui a subjetividade, estabelece um olhar sobre a realidade, tornando-se, então, um lugar em que se materializam os sentidos. Assim, em um espaço como o Brasil da década de 1970, o corpus desta pesquisa se constituirá de folhetos de cordel publicados especialmente publicados a partir dessa época, os quais abordem o sexo feminino/mulher e que se relacionem com assuntos de grande repercussão nacional, especialmente os produzidos na região Nordeste do Brasil. O estudo também é orientado pelo questionamento de como os dizeres (re)produzem efeitos de evidência sobre essas mulheres, articulando-se ainda com o pensamento decolonial de Lugones que busca valorizar epistemologias locais que resistem e reconstroem sentidos a partir de experiências de povos historicamente marginalizados, em oposição às narrativas hegemônicas/coloniais.
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